Rainha Cleopatra (Queen Cleopatra, 2023)
Série da Netflix produzida por Jada Pinkett-Smith detona polêmica antes mesmo de ser lançada.
A série da Netflix mostra a última faraó do Egito como negra africana, para protestos não somente nas redes sociais mas também partindo de autoridades egípcias, à semelhança do que aconteceu quando do anúncio de Gal Gadot como Cleopatra no filme homônimo ainda a ser lançado e dirigido por Kari Skogland (existe ainda um outro projeto em desenvolvimento sob direção de Dennis Villeneuve, a ser lançado pela Sony).
O problema principal é o fato de que a Cleopatra, até onde a arqueologia e registros históricos indicam, não era negra africana e sim descendente de gregos macedônios. Ela era descendente de Ptolomeu I, general de Alexandre, o grande, cuja dinastia dominou o Egito por centenas de anos.
Ativistas ingênuos ou ignorantes afirmam que a personagem histórica foi “whitewashed” por motivos racistas, pois ela era egípcia, o Egito fica na Africa, no Egito antigo todos eram negros e portanto ela era negra. É um argumento simplista pois a Africa é um continente, não um país ou mera região. Afirmar que todos na antiga Africa eram negros seria o mesmo absurdo de afirmar que todos na antiga Asia tinham características asiáticas orientais. Toda a costa mediterrânica da Africa teve contatos comerciais terrestres e marítimos constantes com povos da Europa e do Levante, além de invasões e guerras. Mesmo centenas de anos antes de Cristo, é sabido que o povo de Cartago, descendentes de fenícios do Levante, ocuparam toda a costa norte do continente africano. Alexandre conquistou o Egito em 332 AC. e após a sua morte de desmembramento do império entre seus principais generais, Ptolomeu I conquistou o poder no Egito e sua dinastia perdurou por anos.
É fato conhecido que Cleopatra VII (esse nome foi usada por várias outras rainhas egípcias) era filha de Ptolomeu XII, restando apenas dúvidas a respeito da verdadeira identidade de sua mãe, Cleopatra VI. Alguns ativistas afirmam que Cleopatra VI era negra, mas não existe nenhum registro ou evidência histórica disso. É uma possibilidade, mas é improvável que Cleopatra VI, parte de uma nobreza conhecida pela prática de endogamia (casamento entre parentes diretos) tenha vindo de fora. Também é improvável que a população egípcia daquela época fosse predominante negra.
Outro argumento que invalida a tese de que Cleopatra VII era negra é o fato dela ter se envolvido com os conquistadores romanos Júlio César e Marco Antonio e depois ela mesma tendo visitado Roma. Não existe nenhum registro de comentaristas da época indicando que Cleopatra VII era negra. Além disso, todas as estátuas e moedas com seu semblante claramente mostram uma mulher de aparência caucasiana.